Como entretenimento, um programa da maior qualidade
Como sétima arte, quase isso...
Atriz global. História da prostituta brasileira mais famosa e bem sucedida do país. Publicidade pesada do filme ao redor do Brasil. E sexo. Receita pronta para atingir em massa o povão e arrancar vaias da crítica especializada. Não foi bem assim.
Sim, o público popular se sentiu atraído e encheu os cinemas – Mais de 400 mil espectadores foram à sessão e a bilheteria alcançou R$ 4,2 milhões na semana de estréia –, mas aqueles que têm um pouquinho de sensibilidade e assistem ao filme com o cérebro e o coração também ficaram satisfeitos.
A cena inicial já ganha o público masculino instantaneamente e o filme não perde o ritmo, alcançando seu ápice na metade, quando o roteiro se estabiliza e dá espaço para momentos engraçados e sequencias delicadas como a cena em que pela primeira vez ela sente prazer trabalhando. Deborah Secco encarna o personagem e surpreendentemente não hesita em fazer qualquer tipo de cena, algo louvável para uma atriz que está todos os dias no horário nobre e que qualquer Zé da esquina sabe quem é. O elenco coadjuvante desempenha um ótimo trabalho, com destaque para Drica Morais – a “agente” das garotas – e para Fabiula Nascimento como a prostituta que implica com a Bruna. A trilha sonora é a grande surpresa, músicas internacionais são utilizadas sem preconceito e se encaixam perfeitamente às cenas, bem como músicas bem nacionais como as de Amado Batista.
O grande problema, com certeza, é a virada que acontece do meio para o final, quando a questão das drogas entra na trama e tudo fica subitamente arrastado e beirando o exagero dramático, é um momento em que o filme fica pesado e nem um pouco convincente.
No fim, Bruna Surfistinha é uma ótima estréia do diretor publicitário Marcus Balsini no cinema, é tecnicamente muito bem desenvolvido, coerente, agrada seu público-alvo, não cai na vulgaridade, dosa muito bem as cenas de sexo e fornece, sem preconceito nenhum, entretenimento. É uma pena saber que se tivesse sido levado um pouco mais a sério teria chances significativas de se tornar um filme grandioso. Mas, apesar dos pesares, a sensação final é de que valeu o ingresso.
Por: Fernando Ananias
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