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Estação Livre MegaHertz - Uma canção, uma história


Bom essa semana a Estação Livre está em edição especial, estava eu passando pela biblioteca vasculhando livros e me deparei com uma combinação perfeita para mim: música e leitura.

A música é sempre boa para os nossos ouvidos, dependendo do que você considera como música, mas que tal ela invadir as páginas dos livros, prender seus olhos e tomar suas imaginações? Tem cantores e compositores que são esplendidos narradores e escritores de histórias, canções são muitas vezes poesias e fatos, escritas do fundo do coração de uns e fruto da criatividade de outros.

Uma canção tem toda uma história por traz, por que Eduardo e Mônica? Quem foi Anna Julia para merecer uma canção? O que fazer quando se olha a cidade ao redor e nada interessa? A música é a chave principal para uma carreira de sucesso e não são somente um punho e a imaginação os responsáveis por isso.

Um dos caras que mais fascina com suas histórias em canções é Chico Buarque com suas Mulheres de Atenas e seu Bem Querer. É sempre um Bom Conselho parar para ouvir o que é música brasileira de verdade, não importa se você não mora na Capital do Samba ou se não tem um Chão de Esmeraldas, ouça aquilo que é belo e maravilhoso Como Se Fosse A Primavera. De Todas As Maneiras Chico Buarque, quando quer, coloca alguma história em suas canções, os Saltimbancos é a melhor representação disso. Muita gente acha que Os Saltimbancos é uma peça musical de Chico Buarque para as crianças, mas pensam errado. Eu já trabalhei com as canções dos animais e posso dizer que existe muita crítica por traz, nunca pensaram quem seriam os barões? Por que escolher um burro, um cachorro, uma gata e uma galinha?  

Andando por meados da década de 70 eu conclui que Jumento não é o grande malandro da praça, mas trabalha de graça e nome não tem, quem carrega tudo é o pobre coitado, pobre mesmo! A galinha depois que não põe ovos, não tem mais serventia, é ameaçada virar canja e o cachorro que faz tudo o que seu “mestre” manda sem um latido nem baderna, fiel à própria fome e a farda. A gata, coitada, toda fresca e cheia de mordomia, é jogada pra fora de casa por se misturar com a gataria. Chico Buarque teve uma ótima sacada criando essa peça para criticar os donos de fábricas e generais e representar os operários, passando pela censura em plena ditadura militar.

No fim de ditadura eu me vejo andando pela Faculdade de Arquitetura da UFRGS no dia 11 de Janeiro de 1985 num auditório cheio e nele sobe no palco um cara com o cabelo new wave para iniciar o show da banda Engenheiros do Hawaii, formada por quatro estudantes da universidade. A banda tinha nascido para durar uma noite só, mas foi bem isso que aconteceu e ela se tornou uma marca na vida de muitas pessoas, inclusive na minha.

No livro Pra Ser Sincero: 123 Variações Sobre Um Mesmo Tema Gessinger, Pitz, Maltz e Stein contam que são o que podem ser mesmo fazendo um Pose e que o tempo de menino foi ficando para traz. Não importa se o Papa é pop, pois um garoto que, como eu, amava os Beatles e os Rolling Stones foi pra guerra do Vietnã mexer com armas químicas, mas não poemas. Sobrevoar uma Cidade em Chamas, devorar concreto e asfalto, dançando no campo minado, loucuras incontáveis que esses engenheiros nos fazem passar. Com 18 álbuns na carreira os Engenheiros do Hawaii são uma das melhores bandas que eu já ouvi, no momento ela anda paralizada, mas espero que volte logo aos palcos uma banda que marcou seu nome na história do rock brasileiro.

Saindo de Porto Alegre ponho os pés no Rio de Janeiro, cidade marcada pelas canções de Tom Jobim, me vejo cercado de garotas de Ipanema e me vem à cabeça quantas mulheres rodam pelas canções. Capital Inicial com sua louca Natasha, mais de cem Marias e Júlias, uma a Anna Julia dos Los Hermanos. Renatas, Letícias, Déboras, Marinas, Anas e Marianas. Chico Buarque tem sua Bárbara, Biquini Cavadão a sua Dani, Cássia Eller a sua Dora, Gilberto Gil a sua Flora e Roupa Nova a sua Margarida, um absurdo maravilhoso de mulheres que dominam nossos ouvidos e nossos olhos todos os momentos.

Revirando um pouco mais as estantes encontro o precioso Almanaque do Rock de Kid Vinil, passando as folhas achei curiosidades sobre o ritmo mais bombástico da música, com histórias de Elvis Presley e Chuck Berry, além da descrição de cada era do Rock.

Porém uma obra prima da literatura musical, que não se encontra em livros, é a cantora que anda despontando na fama: Maria Gadú. Que mulher é essa? Não há palavras que digam o suficiente sobre a beleza de suas canções e não consigo entender como tudo que ela toca vira a melhor coisa do mundo. A criatividade e a inspiração da cantora são dignas de destaque. Por outro lado Ana Carolina arrasa com suas rosas, nas ruas de outono enquanto ela as deixa levá-la pra uma louca tempestade, e confessou que já acordou achando tudo diferente, que trancou a porta pra todas as mentiras e que bateria na sua porta completamente nua. Sem vergonha, sem limites, real ou fictício, isso é a música popular brasileira. Tem vezes me pego pensando se é música literária ou literatura em música.

Existem canções que inicialmente não representavam muita coisa, mas que ficaram marcadas pela época em que ficou conhecida, se tornando a sua marca. Carmem Miranda, ABBA, Tim Maia, Erasmo Carlos, entre muitos outros, possui ou possuíram em suas carreiras canções que imediatamente nos lembram de alguma fase da música. Outras canções nos lembram outras histórias, as novelas. Quem assistiu Mulheres Apaixonadas e não se lembra de Velha Infância, dos Tribalistas, ou Pela Luz dos Olhos Teus, de Tom Jobim e Miúcha?

Se nós fossemos pesquisar qual tipo de livro teríamos mais de acordo com os temas das músicas teríamos incontestavelmente Romances, o que nós mais ouvimos são canções românticas, não importa se são de rock, pop, funk, reggae, pagode ou sertanejo, aliás esses dois últimos gêneros dominam em questão de sentimentos amorosos em suas canções. Mas, enquanto isso, Zé Ramalho conta sobre lobisomens, Vanessa da Mata se entristece com o absurdo que se encontra a natureza e Lenine pede um pouco mais de paciência. Histórias vêm, casos vão, memórias são guardadas e canções são tão bem desenvolvidas que merecem livros, que tal um livro sobre uma estação que chegam e vão milhares de pessoas, e nela encontros são feitos e despedidas são choradas, como em Encontros e Despedidas de Maria Rita ou um homem que encontrou o seu amor na fila do pão no Último Romance dos Los Hermanos, mas a história mais ouvida e mais cantada, que daria uma série, é Eduardo e Mônica do Legião Urbana, já essa é outra história...

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