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Estante - Jogo da Velha I

Sigo em frente com a ideia de falar de todos os livros que já li, não importa a época nem gênero. Dessa vez é sobre um que terminei de ler em março do ano passado, ou seja, quase um ano certinho. Acho também interessante falar de como cheguei aos livros que leio e este eu comprei numa livraria no Shopping Grande Rio, em São João de Meriti, no Rio de Janeiro. O livro me custou apenas R$ 3,00, pois nessa livraria só livros de dois e três reais são vendidos, geralmente são os volumes que sobraram de vendas e foram dados a essa livraria. Comprei despretensiosamente e me surpreendi com o que li.

Vivemos numa sociedade que foi baseada na escravidão, onde o negro foi tratado como animal, raça menor, algo que não merecia respeito dos brancos caucasianos. Os escravos lutaram muito aqui no Brasil e mundo afora para adquirirem dignidade, e mesmo quando se tornaram livres, o respeito não veio junto, nem muito depressa. Agora imagine isso às avessas, nunca se perguntou como seria se tivesse acontecido o contrário? Se negros fossem a classe dominadora e os brancos, os escravos indignos? Malorie Blackman imaginou isso e criou um romance nesse mundo contrário e impactante.

Os negros são Cruzes, bem desenvolvidos e sucedidos, estão à frente de qualquer organização, empresa, comércio, são a maioria esmagadora. Os brancos são os zeros, com letra minúscula mesmo, zeros como o nada. A sociedade inglesa acabava de iniciar uma nova era, os zeros finalmente tinham sido libertados, mas ainda viviam na escória, porém alguns já possuíam empregos, mesmo que de baixo cargo. Nessa sociedade existiam Callum, um zero, e Perséphone, uma Cruz. 

Callum é filho da governanta da mãe de Perséphone e os dois sempre foram amigos, uma amizade proibida. A jovem é filha do futuro primeiro-ministro, família rica e poderosa. Callum é um qualquer. O racismo era muito forte naquela época e os dois sabiam que o que faziam não era aceito, mas não entendiam porque não podiam fazê-lo. Dessa amizade iria surgir um amor e também a desgraça dos dois.

O jovem zero consegue uma vaga na escola de Perséphone, mas zeros não eram permitidos nas maioria das escolas, então isso se tratava de uma batalha que Callum teria que passar. A partir daí Callum e Perséphone percebem que não será tão fácil lutarem pelo seu amor, ainda mais quando as origens de cada um começa a transparecer em suas atitudes.
- x -

Fiquei muito intrigado com essa história. É um romance a lá Romeu e Julieta, onde os lados opostos não são apenas famílias, mas sociedades completamente divergentes. Não é uma história tão previsível e entristece um pouco o leitor. O livro é o primeiro de uma série, mas ainda não li os outros. O final do livro é chocante e fiquei sem entender como haveria de ter uma continuação. Senti minhas esperanças se esvaírem. 

A história não é só sobre um romance impossível, é sobre a luta de uma classe que precisa de respeito e dignidade e contra o preconceito, e começa a ser rebelar contra o sistema. É no meio dessas rebeliões que o amor de Callum e Perséphone é ameaçado de vez, talvez, pra sempre. A história é maravilhosa, mas será que você está preparado pra lê-la?

Nota: 4/5

Liberdade é se livrar dos preconceitos!

Comentários

  1. Ai, meu Deus! Quanta coisa para comentar depois dessa resenha *O* Vou numerar, porque eu tenho mania de numerar as coisas...

    1) O que que você toma para memória, hein? Se o skoob não existisse, eu não conseguiria me lembrar o que eu li em dezembro, quanto mais março do ano passado!!
    2) R$3?? O livro mais barato que eu comprei na vida foi R$10 na Bienal do ano passado! Preciso passar a frequentar essas livrarias lindas que fazem essas "promoções" xD
    3) Gostei dessa inversão negros/brancos. Bem ousado. E na capa também está invertido. Acho que no fim então o livro deve ser muito mais sobre igualdade.
    4) Não sei se eu estaria preparada para ler essa história, não pela temática do preconceito, mas pelo final chocante. Até hoje eu não superei o final de "1984" do George Orwell.
    5) Mas estou torcendo por um final feliz para esse livro.
    6) E se eu encontrá-lo por R$3, eu compro! rsrs

    Beijos!
    www.bibliophiliarium.com

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    Respostas
    1. Li tão poucos livros ano passado que me lembro quando os li. Uma pechincha esse e muitos outros que já li. O ponto forte da história de fato é a troca de papeis e a luta pela igualdade, o romance é pra dar um apimentada. Mas vale muito a pena lê-lo!

      Abraços!

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