O seriado Misfits do Canal britânico E4 conta a história de 5 jovens delinqüentes – não são trombadinhas não, só cometeram uma infração – que são condenados a prestar serviço comunitário. Num dia de trabalho, acontece uma tempestade louca e eles começam a se descobrirem dotados de algum poder.
O 1º episódio da primeira temporada logo te prende. A fotografia maravilhosa da primeira cena e a naturalidade com a qual cada personagem apresenta suas personalidades politicamente incorretas arrebatam o espectador que gosta de ousadia. E assim seguem os outros episódios, com acontecimentos mais bizarros e um desenvolvimento muito interessante da história e da personalidade de cada um.
A primeira temporada se encerrou no pique e com um público já cativo. O que deu brecha para que a 2ª temporada voltasse com muito mais liberdade. Ousadia e dinamismo permearam o desenrolar da trama. Mais reviravoltas, personagens novos, episódios com temáticas mais criativas – como aquele do cara que acredita estar num jogo de GTA -, acontecimentos cada vez mais absurdos e a expansão da trama para uma dimensão mais grandiosa. Mesmo com algumas confusões e furos provocados pela inserção de viagens temporais no enredo, a Season Finale fechou a história com um gancho fantástico para a terceira temporada, que promete voltar com um novo frescor e mudanças significativas e até mesmo tristes – como a lamentável saída do protagonista Nathan (Robert Sheehan), um personagem que simplesmente não poderia sair.
A abertura é um caso à parte. Uma animação sombria repleta de pistas sobre os personagens e um visual estranho, mas estiloso. Ao som de Echoes (The Rapture), música de batida um tanto inusitada que se encaixa perfeitamente com as imagens, a abertura de Misfits é daquelas que eu, pelo menos, assisto todas as vezes.
A trilha sonora contribui e muito para o tom atual da trama, batidas eletrônicas e músicas alternativas, indo da lindíssima e desconhecida Woman soon(Urge Overkill), música que toca no segundo episódio da 1ª temporada até You´re beautiful(James Blunt), que foi febre por um tempo.
A série é uma ótima oportunidade para ver que os jovens ingleses estão longe daquele estereótipo de frieza e bom comportamento. O quadro mostrado é de uma juventude desprendida de amarras, bebendo, consumindo drogas, transando com desconhecidos e colocando palavrão o maior número possível de vezes na mesma frase. E não espere lições de moral, esse comportamento é, muitas vezes, mostrado de maneira gratuita e até desagradável (como as babaquices geniais do protagonista Nathan), mas com um objetivo muito direto e pertinente: divertir e fazer o público jovem se ver na tela.
Enfim, elenquei apenas alguns aspectos e falei de um modo geral apenas para, digamos, vender o peixe sem estragar o sabor da experiência em si. Espero que muitos se animem e entrem para o clube. Para terminar - se você ainda não captou a alma do negócio - a melhor definição é a de que Misfits é um bizarro cool, uma história repleta de acontecimentos nojentos que te prende pela agilidade do roteiro, pela acidez dos diálogos e pela completa falta de pudor dos roteiristas sobre qualquer assunto. Por ser o retrato mais verossímil – mesmo que repleto de elementos fantásticos – da nossa juventude e por ser, ao mesmo tempo, uma dose rápida, eficiente e deliciosamente britânica de diversão.
Por: Fernando Ananias
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